quinta-feira, 30 de julho de 2009

IRÃ se levanta : passado e presente de um país em conflito








1. O que detonou os recentes choques internos no Irã?

A disputa eleitoral polarizou-se severamente entre o presidente iraniano, o ultra-conservador Mahmoud Ahmadinejad, e seu principal oponente, o ex-primeiro-ministro Mir Hossei Mousavi, um conservador moderado. Ahmadinejad foi reeleito com 62,6% dos quase 40 milhões de votos, mas Mousavi, que obteve 33,8% da preferência do eleitorado, alegou fraude na apuração e pediu a realização de nova votação.

A suspeita de fraude provocou protestos – concentrados em Teerã – dos simpatizantes do ex-primeiro-ministro, que rejeitaram o resultado das urnas, e dos eleitores de Ahmadinejad, que celebraram sua vitória. Mais de cem líderes de oposição foram detidos no dia em que foi anunciado o resultado da eleição, entre eles Mohammad Reza Khatami, irmão do ex-presidente Mohammad Khatami (1997-2005). Todos foram liberados no mesmo dia.
2. Uma nova votação pode ser realizada devido à acusação de fraude?
É improvável. A mais alta instância legislativa do Irã, o Conselho de Guardiões, se recusou a convocar um novo pleito. Contudo, o Conselho afirmou que fará uma recontagem dos votos.

3. Por que um assunto doméstico ganhou tanta importância?

Em primeiro lugar, porque dezenas de milhares de iranianos saíram às ruas para protestar – contra e a favor do governo –, um acontecimento sem precedentes no país desde a Revolução Islâmica, de 1979.

Houve repressão policial, choques e mortes. Não menos importante é a preocupação acerca da instabilidade no país, afinal o Irã é um ator de peso no cenário das relações internacionais.
É o quarto maior produtor mundial de petróleo e gás e exerce grande influência sobre seus vizinhos do Oriente Médio.
A eleição guardava ainda a expectativa de uma guinada na relação de Teerã com os EUA, que, sob o comando de Barack Obama, tentam restabelecer laços diplomáticos com os iranianos, interrompidos desde 1979 – Ahmadinejad recusa-se a fechar tal entendimento com Washington. Para analistas, a tentativa de reaproximação de Obama foi uma espécie de sinal que os reformistas aguardavam para forçar a modernização e a abertura do Irã, que vive um período de conservadorismo e recessão econômica.
4. Qual é o perfil de Mahmoud Ahmadinejad?

Mahmoud Ahmadinejad, de 53 anos, foi governador da província de Ardabil, no noroeste do país, e prefeito da capital nacional, Teerã. Na juventude, foi um ativo membro da Revolução Islâmica e participou da invasão da embaixada dos EUA em Teerã, episódio que selou a interrupção das relações diplomáticas entre os países.

Conservador linha-dura, é contrário a reformas políticas e institucionais internas. No plano externo, especializou-se em atacar os americanos e o estado de Israel.

Sobre os judeus, aliás, tornou-se famoso por ofender a história e defender o indefensável: a esdrúxula versão de que o Holocausto – o assassinato de cerca de 6 milhões de judeus pelos nazistas na II Guerra Mundial – não aconteceu.

A bravata lhe valeu a condenação por parte de nações de todo o mundo, incluindo líderes islâmicos. Outro desafio ao mundo foi o anúncio da criação de um programa nuclear, o que resultou em sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
5. Quem é Mir Hossein Mousavi?

Mir Hossein Mousavi, de 68 anos, foi primeiro-ministro do Irã entre 1981 e 1989, quando o presidente era o atual líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.
Admirado pela habilidade na condução da economia durante a guerra com o Iraque (1980-1990), é considerado de linha moderada. Ele é casado com Zahra Rahnavard, ex-reitora da Universidade de Alzahra e conselheira política do ex-presidente Mohammad Khatami. Além de político, Mousavi é pintor e arquiteto e atual presidente da Academia de Artes Iraniana.
6. Quais as diferenças políticas entre Ahmadinejad e Mousavi?

Ahmadinejad, que enfrenta acusações de corrupção, é conhecido pela postura conservadora, contrária ao diálogo com os americanos, à qualquer abertura democrática e à concessão de direitos às mulheres.

Seus eleitores são, em maioria, pessoas mais velhas, de classe baixa e menor grau de escolaridade.

Mousavi defende o programa nuclear do rival, visto como fonte alternativa energética para o país, e a manutenção do sistema de governo vigente – no qual clérigos mulçumanos xiitas fiscalizam os políticos eleitos. Mas as semelhanças param por aí. Mousavi é favorável a uma abertura no regime, com mais direitos democráticos e às mulheres e diálogo com os Estados Unidos. Seus eleitores são, em maioria, representantes da classe média, com maior grau de escolaridade.
7. Qual é o regime de governo do Irã?

Desde a Revolução Islâmica de 1979 – em que religiosos xiitas, comunistas e liberais derrubaram a monarquia do xá Reza Pahlevi –, o Irã é regido por um sistema de governo teocrático.

Com o fim da monarquia, o aiatolá Ruhollah Khomeini, que estava exilado na França, regressou ao país e assumiu o poder, tornando-se a autoridade máxima, o líder supremo, da República islâmica. Após a morte dele, em 1989, assumiu o posto o aiatolá Ali Khamenei, no cargo até hoje.
8. O que faz o líder supremo?

Ele é responsável por indicar o chefe do Poder Judiciário, os comandantes das Forças Armadas, os diretores das rádio e TVs e seis dos 12 membros do Conselho dos Guardiões – que, entre outra funções, escolhe os candidatos que poderão concorrer às eleições.

No pleito deste ano, mais de 4.000 iranianos tentaram o registro de candidato à Presidente da República, mas apenas quatro foram selecionados.

O líder supremo também pode destituir o presidente, caso considere que este não esteja governando de acordo com a Constituição. Ele é escolhido para um cargo vitalício pela Assembléia dos Peritos, única instância que pode destituí-lo. Seu poder é assegurado pela Constituição, o que lhe garante direito de interferir em assuntos econômicos, religiosos e culturais iranianos.
9. O aiatolá tem mais poder do que o presidentes?
Sim. No Irã, o presidente da República é eleito pelo povo para um mandato de quatro anos. Ele é o chefe do Poder Executivo e seu cargo é equivalente ao de chefe de governo. Ele é a segunda pessoa mais importante do país, abaixo somente do líder supremo.


Há 30 anos, revolução popular levou regime fundamentalista ao poder no Irã
(texto antes das eleições)

Em fevereiro de 1979 o aiatolá Khomeini voltou dos 15 anos de exílio.
A monarquia do xá foi derrubada e um estado islâmico foi instaurado.
Nos primeiros dez dias deste fevereiro, o Irã comemora os 30 anos da revolução que derrubou o regime pró-ocidente do xá Reza Pahlevi e instalou no país uma república fundamentalista islâmica.

Foi no dia 1º de fevereiro de 1979 que o Aiatolá Rouhollah Khomeini voltou ao país, após 15 anos de exílio e de oposição ao xá, e foi recebido por uma multidão fervorosa que gritava seu nome.

O país hoje é resultado de um governo muçulmano que praticamente eliminou a oposição e restringiu algumas liberdades em nome dos valores da revolução - "a mais popular do mundo moderno", segundo Charles Kurzman, professor da Universidade da Carolina do Norte e autor de "The Unthinkable Revolution in Iran" ("A impensável revolução do Irã", inédito em português).
A ira do povo com o xá vinha de longa data. Ele estava no poder desde 1941 e havia feito mudanças importantes no país.

Em 1963, ele lançou uma campanha de modernização e ocidentalização, a chamada 'revolução branca'.

A prosperidade realmente chegou a muitos iranianos. Uma classe média surgiu. Mas eles reclamavam da liberdade que tinham os britânicos sobre seu petróleo e seu território.
Durante a Guerra Fria, o Irã impôs um regime de perseguição a comunistas e a opositores a suas reformas.

A polícia secreta (Savak) manteve centenas de prisioneiros e matou outros tantos. Muitos deles eram clérigos radicais que, depois da queda do xá, subiram ao poder.

Um desses religiosos era o Aiatolá Khomeini, que em 1964 foi pego em sua casa e obrigado a deixar o país.
A revolução por fita-cassete

No exílio em Bagdá, Khomeini continuou a criticar o xá e suas políticas pró-ocidente.

Sua mensagem chegava às massas por meio de fitas-cassete gravadas durante conversas ao telefone.

Ele se tornou o símbolo da oposição ao regime e à monarquia.
Em agosto de 1978, o xá atacou abertamente Khomeini em um artigo publicado num jornal. Foi o estopim para greves e manifestações que uniram a oposição. As manifestações se intensificaram e levaram à imposição do estado de exceção no país.

Em 8 de setembro, uma manifestação acabou em matança nas ruas de Teerã. O dia ficou conhecido como a 'sexta-feira negra'.

Khomeini saiu do Iraque e foi para a França. Ainda que no exílio, as massas gritavam seu nome nas ruas.

Em 15 de janeiro de 1979, o xá deixou o país para nunca mais voltar e depois de 15 dias, o aiatolá enfim voltou ao Irã.

A república islâmica

Vitoriosa, a revolução deu início a uma república muçulmana.

Os apoiadores de Khomeini que estavam na prisão viraram membros do novo governo. Já os ex-partidários do xá foram executados. Os julgamentos eram muitas vezes secretos e as execuções foram noticiadas e aclamadas por muitos.

"As mudanças não foram totalmente impostas, no sentido de serem aplicadas contra a vontade da população, já que foi uma revolução popular", explica o professor Charles Kurzman. "Mas à medida que se tornou uma coerção, muitos iranianos votaram por mudanças significativas no sistema. Uma mudança importante que a revolução trouxe foi o sentimento de que eles merecem um sistema político que reflita seus valores - nesse sentido, a revolução aumentou muito a expectativa popular por representação política."



Sob os véus e turbantes, mas de olho no Ocidente

O iraniano tem uma vida dupla, vivendo entre o atraso e a esperança

O mais enérgico movimento social a emergir no Irã desde 1979 foi o das mulheres.
Apesar de obrigadas a esconder os cabelos com lenços pretos, as iranianas conquistaram posições importantes no governo, na universidade e na imprensa.
Não é uma situação comum no mundo islâmico, sobretudo nos países árabes. Ao contrário, as mulheres são privadas de direitos básicos na maioria deles e não há notícia de nenhuma organização pelos direitos femininos que tenha sobrevivido por muito tempo.
A situação de inferioridade da mulher no Islã decorre, sobretudo, dos costumes patriarcais, mas a religião desempenha seu papel. Inspirada nos preceitos do Corão, a lei concede ao marido o direito de repudiar a esposa, sem que ela possa contestar ou pedir pensão.
Na situação inversa, o divórcio exige da mulher longas batalhas judiciais. Em muitas nações, a mãe divorciada só pode criar as filhas até os 12 anos e os filhos até os 10. Daí em diante são entregues ao pai. Em vários países, a viúva não tem direito à herança do marido, repartida apenas entre a prole masculina.

Guerra Irã x Iraque
Em 2000, os eleitores deram aos candidatos reformistas uma espetacular vitória no Irã.
Não demorou muito para que os aiatolás de linha dura, que detêm o poder real no país, fossem à forra: proibiram a circulação de dezesseis jornais alinhados com o reformismo moderado do presidente Mohammed Khatami.
O recado foi claro. O pessoal de turbante, que há mais de duas décadas tenta enquadrar iranianos nos usos e costumes do século VII, quando o profeta Maomé orientava pessoalmente seus fiéis, não aceita pacificamente o resultado das urnas.
Os dois Irãs, de um lado os reformistas, mais abertos ao Ocidente e ao bem-estar gerado pelo desenvolvimento, e do outro os conservadores, apegados ao obscurantismo fundamentalista, empenham-se agora numa espécie de duelo fatal.
A dicotomia entre o novo e o velho pode ser notada no dia-a-dia das pessoas. É como se houvesse um país público, em que tudo é proibido, e um privado, onde se pode quase tudo.
Em Teerã, é possível observar mulheres vestidas com lenços coloridos em vez do preto tradicional, com as unhas pintadas, o rosto maquiado e com mechas de cabelo aparecendo por baixo do véu. Casais de namorados andam de mãos dadas, apesar da ameaça da polícia religiosa armada de metralhadora e chibata.
A música popular e a dança, banidas após a revolução, renascem às claras. Tudo na mais absoluta e tolerada ilegalidade. Até as antenas parabólicas, mesmo proibidas, começam a proliferar, muitas delas camufladas dentro de tendas.
Moda e maquiagem
A florescente indústria cinematográfica do país retrata o processo de mudança cultural.
Grandes nomes, como o diretor Mohsen Makhmalbaf, antes um fiel seguidor do regime dos aiatolás, hoje produzem filmes com conteúdo crítico.
Em parte, os aiatolás estão colhendo agora o resultado de uma política desequilibrada. Antes da revolução islâmica de 1979, apenas 54% da população sabia ler e escrever. Hoje, 72% dela está alfabetizada.
As mulheres foram as que mais aproveitaram a oportunidade. Quase a metade dos universitários do país pertence ao sexo feminino.
Para todos os efeitos, o Irã ainda é um país miserável, com mais de 50% da população vivendo abaixo da linha de pobreza. Bem-educados, os jovens, que são dois terços da população e não vivenciaram a derrubada do xá, cobram agora as mudanças prometidas nas eleições.
Sem o apoio deles, é pouco provável que os aiatolás consigam brecar as reformas. A abertura lenta e gradual preconizada por Khatami deve continuar, mas nada impede que outros percalços apareçam pelo caminho.
No Irã oficial, regido pela batuta severa dos turbantes negros, as mulheres são obrigadas a usar um manto negro, e a ínfima exibição de fios de cabelos pode ser punida com chibatadas públicas.
Tudo o que lembra a cultura ocidental - livros, revistas, discos e filmes - continua banido. Na vida real, é diferente.
No Irã da maioria dos iranianos, a maquiagem e a preocupação com a moda estão de volta ao dia-a-dia feminino. O descompasso tem uma explicação: o clero islâmico, que tenta conservar o poder com mão de ferro, está perdendo a luta pela alma do povo iraniano.
Dois terços da população do Irã têm menos de 25 anos. A maioria não tem nenhum sentimento especial em relação ao xá Reza Pahlevi, o tirano destronado pela revolução islâmica, ou por Ruhollah Khomeini, o aiatolá que liderou o movimento. Também começa a se perder a lembrança da sofrida guerra com o Iraque, que matou 400.000 iranianos e terminou em 1988.
A nova geração de iranianos vive às voltas com as urgências de um cotidiano complicado, de opressão religiosa, isolamento internacional e tremendas dificuldades para tocar a vida.
Como os empregos são escassos, os jovens adiam o casamento até ter dinheiro suficiente e um lugar para viver. As universidades estão tão apinhadas que só aceitam um em cada dez candidatos.
Apesar de algumas restrições terem sido atenuadas, homens e mulheres não podem cruzar-se no mesmo ambiente, exceto se forem parentes próximos. Música laica e bebida continuam proibidíssimas.
Uma parte do drama se explica pela dificuldade de manter um país enorme e vibrante como o Irã à margem do mundo moderno.
Em Teerã, a cidade mais liberal do país, a mensagem do "Grande Satã" (como os aiatolás chamam a cultura ocidental) é consumida com avidez.
O resultado é uma população obrigada a uma vida dupla. Exceto por alguns grupos no exílio, não há contestação organizada ao poder do clero. O que está corroendo o regime é a revolução silenciosa dentro da cabeça dos iranianos.
Apesar de as aulas ainda começarem com o brado ritual de "morte à América", a audiência de emissoras como a CNN e a BBC evidencia o fascínio pela cultura ocidental, sobretudo a americana.
Esporte 'fútil'
Em 1998, enquanto estudantes reformistas e militantes conservadores se enfrentavam nas ruas de Teerã por causa da prisão do prefeito da cidade, Gholam-Hossein Karbaschi, o jornal Iran, editado pela agência oficial Irna, publicou uma notícia aparentemente irrelevante: as iranianas seriam autorizadas a jogar futebol.
Mulheres e futebol são dois elementos que estão na origem do movimento pela abertura do fechado regime dos aiatolás.
A classificação da seleção do Irã para a Copa do Mundo da França provocou uma irreprimível onda de euforia impossível no país.
As comemorações do empate contra a Austrália, que garantiu a vaga ao Irã, levaram às ruas milhares de pessoas, numa manifestação de massa inédita desde os tempos da revolução islâmica que derrubou o xá Reza Pahlevi, em 1979.
Um considerável contingente dos manifestantes era constituído por mulheres, que pela primeira vez em vinte anos ignoraram a proibição de participar de atos públicos lado a lado com homens. As manifestações foram tão amplas que não permitiram a intervenção dos guardas da revolução, sempre prontos a reprimir qualquer transgressão às normas do Islã.
Uma das características mais marcantes dos fundamentalistas muçulmanos, em qualquer país, é sempre a obsessão por controlar o comportamento da mulher, em todas as esferas.
É por isso que cada "transgressão", por menor que seja - um lenço colorido no cabelo em lugar do preto regulamentar, um toque de batom nos lábios -, ganha dimensão política.
Assim, para as iranianas, tradicionalmente mais independentes do que as mulheres dos países árabes, foi uma considerável vitória obter autorização para freqüentar estádios e a promessa de poder jogar futebol.
Até a revolução dos aiatolás, o Irã era um dos países líderes do futebol no Oriente Médio. Campeã por três vezes da Copa da Ásia, a seleção praticamente havia feito sua despedida dos campos internacionais na Copa da Argentina, em 1978.
Um ano depois, com o regime dos aiatolás no poder, o futebol foi proibido.
A exemplo de outros valores culturais introduzidos pelos colonizadores ingleses no início do século, o futebol passou a ser considerado atividade fútil e sinal de decadência ocidental.
Em matéria de esporte, os fundamentalistas permitiam apenas a luta clássica. Só dez anos mais tarde, coincidindo com a morte do aiatolá Khomeini, o futebol voltou a ser tolerado.
A transmissão de jogos pela televisão, porém, continuou proibida e até bem pouco tempo atrás só era permitida a publicação em jornais e revistas de fotos dos jogadores de meio corpo, sem mostrar as pernas.
O futebol é uma das raras formas de lazer permitidas aos jovens, que não podem dançar nem ouvir música profana, pelo menos em público. O interesse e a paixão pelo esporte crescem no mesmo ritmo da insatisfação popular com o regime.
A revolução Verde (imagens fortes)
Ashura : a cerimonia xiita
Ashura no Iraque e no Irã

Ashura em diferentes países ( cenas forte)

Extras:

Video: Os 30 anos da revolução iraniana

videos e slide-show:
Conheça o Irã:
Fontes:

revista ISTOÉ

Revista Época

G1 - Globo. com

Revista VEJA

VEJA online
youtube.com

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