quinta-feira, 30 de julho de 2009

IRÃ se levanta : passado e presente de um país em conflito








1. O que detonou os recentes choques internos no Irã?

A disputa eleitoral polarizou-se severamente entre o presidente iraniano, o ultra-conservador Mahmoud Ahmadinejad, e seu principal oponente, o ex-primeiro-ministro Mir Hossei Mousavi, um conservador moderado. Ahmadinejad foi reeleito com 62,6% dos quase 40 milhões de votos, mas Mousavi, que obteve 33,8% da preferência do eleitorado, alegou fraude na apuração e pediu a realização de nova votação.

A suspeita de fraude provocou protestos – concentrados em Teerã – dos simpatizantes do ex-primeiro-ministro, que rejeitaram o resultado das urnas, e dos eleitores de Ahmadinejad, que celebraram sua vitória. Mais de cem líderes de oposição foram detidos no dia em que foi anunciado o resultado da eleição, entre eles Mohammad Reza Khatami, irmão do ex-presidente Mohammad Khatami (1997-2005). Todos foram liberados no mesmo dia.
2. Uma nova votação pode ser realizada devido à acusação de fraude?
É improvável. A mais alta instância legislativa do Irã, o Conselho de Guardiões, se recusou a convocar um novo pleito. Contudo, o Conselho afirmou que fará uma recontagem dos votos.

3. Por que um assunto doméstico ganhou tanta importância?

Em primeiro lugar, porque dezenas de milhares de iranianos saíram às ruas para protestar – contra e a favor do governo –, um acontecimento sem precedentes no país desde a Revolução Islâmica, de 1979.

Houve repressão policial, choques e mortes. Não menos importante é a preocupação acerca da instabilidade no país, afinal o Irã é um ator de peso no cenário das relações internacionais.
É o quarto maior produtor mundial de petróleo e gás e exerce grande influência sobre seus vizinhos do Oriente Médio.
A eleição guardava ainda a expectativa de uma guinada na relação de Teerã com os EUA, que, sob o comando de Barack Obama, tentam restabelecer laços diplomáticos com os iranianos, interrompidos desde 1979 – Ahmadinejad recusa-se a fechar tal entendimento com Washington. Para analistas, a tentativa de reaproximação de Obama foi uma espécie de sinal que os reformistas aguardavam para forçar a modernização e a abertura do Irã, que vive um período de conservadorismo e recessão econômica.
4. Qual é o perfil de Mahmoud Ahmadinejad?

Mahmoud Ahmadinejad, de 53 anos, foi governador da província de Ardabil, no noroeste do país, e prefeito da capital nacional, Teerã. Na juventude, foi um ativo membro da Revolução Islâmica e participou da invasão da embaixada dos EUA em Teerã, episódio que selou a interrupção das relações diplomáticas entre os países.

Conservador linha-dura, é contrário a reformas políticas e institucionais internas. No plano externo, especializou-se em atacar os americanos e o estado de Israel.

Sobre os judeus, aliás, tornou-se famoso por ofender a história e defender o indefensável: a esdrúxula versão de que o Holocausto – o assassinato de cerca de 6 milhões de judeus pelos nazistas na II Guerra Mundial – não aconteceu.

A bravata lhe valeu a condenação por parte de nações de todo o mundo, incluindo líderes islâmicos. Outro desafio ao mundo foi o anúncio da criação de um programa nuclear, o que resultou em sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
5. Quem é Mir Hossein Mousavi?

Mir Hossein Mousavi, de 68 anos, foi primeiro-ministro do Irã entre 1981 e 1989, quando o presidente era o atual líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.
Admirado pela habilidade na condução da economia durante a guerra com o Iraque (1980-1990), é considerado de linha moderada. Ele é casado com Zahra Rahnavard, ex-reitora da Universidade de Alzahra e conselheira política do ex-presidente Mohammad Khatami. Além de político, Mousavi é pintor e arquiteto e atual presidente da Academia de Artes Iraniana.
6. Quais as diferenças políticas entre Ahmadinejad e Mousavi?

Ahmadinejad, que enfrenta acusações de corrupção, é conhecido pela postura conservadora, contrária ao diálogo com os americanos, à qualquer abertura democrática e à concessão de direitos às mulheres.

Seus eleitores são, em maioria, pessoas mais velhas, de classe baixa e menor grau de escolaridade.

Mousavi defende o programa nuclear do rival, visto como fonte alternativa energética para o país, e a manutenção do sistema de governo vigente – no qual clérigos mulçumanos xiitas fiscalizam os políticos eleitos. Mas as semelhanças param por aí. Mousavi é favorável a uma abertura no regime, com mais direitos democráticos e às mulheres e diálogo com os Estados Unidos. Seus eleitores são, em maioria, representantes da classe média, com maior grau de escolaridade.
7. Qual é o regime de governo do Irã?

Desde a Revolução Islâmica de 1979 – em que religiosos xiitas, comunistas e liberais derrubaram a monarquia do xá Reza Pahlevi –, o Irã é regido por um sistema de governo teocrático.

Com o fim da monarquia, o aiatolá Ruhollah Khomeini, que estava exilado na França, regressou ao país e assumiu o poder, tornando-se a autoridade máxima, o líder supremo, da República islâmica. Após a morte dele, em 1989, assumiu o posto o aiatolá Ali Khamenei, no cargo até hoje.
8. O que faz o líder supremo?

Ele é responsável por indicar o chefe do Poder Judiciário, os comandantes das Forças Armadas, os diretores das rádio e TVs e seis dos 12 membros do Conselho dos Guardiões – que, entre outra funções, escolhe os candidatos que poderão concorrer às eleições.

No pleito deste ano, mais de 4.000 iranianos tentaram o registro de candidato à Presidente da República, mas apenas quatro foram selecionados.

O líder supremo também pode destituir o presidente, caso considere que este não esteja governando de acordo com a Constituição. Ele é escolhido para um cargo vitalício pela Assembléia dos Peritos, única instância que pode destituí-lo. Seu poder é assegurado pela Constituição, o que lhe garante direito de interferir em assuntos econômicos, religiosos e culturais iranianos.
9. O aiatolá tem mais poder do que o presidentes?
Sim. No Irã, o presidente da República é eleito pelo povo para um mandato de quatro anos. Ele é o chefe do Poder Executivo e seu cargo é equivalente ao de chefe de governo. Ele é a segunda pessoa mais importante do país, abaixo somente do líder supremo.


Há 30 anos, revolução popular levou regime fundamentalista ao poder no Irã
(texto antes das eleições)

Em fevereiro de 1979 o aiatolá Khomeini voltou dos 15 anos de exílio.
A monarquia do xá foi derrubada e um estado islâmico foi instaurado.
Nos primeiros dez dias deste fevereiro, o Irã comemora os 30 anos da revolução que derrubou o regime pró-ocidente do xá Reza Pahlevi e instalou no país uma república fundamentalista islâmica.

Foi no dia 1º de fevereiro de 1979 que o Aiatolá Rouhollah Khomeini voltou ao país, após 15 anos de exílio e de oposição ao xá, e foi recebido por uma multidão fervorosa que gritava seu nome.

O país hoje é resultado de um governo muçulmano que praticamente eliminou a oposição e restringiu algumas liberdades em nome dos valores da revolução - "a mais popular do mundo moderno", segundo Charles Kurzman, professor da Universidade da Carolina do Norte e autor de "The Unthinkable Revolution in Iran" ("A impensável revolução do Irã", inédito em português).
A ira do povo com o xá vinha de longa data. Ele estava no poder desde 1941 e havia feito mudanças importantes no país.

Em 1963, ele lançou uma campanha de modernização e ocidentalização, a chamada 'revolução branca'.

A prosperidade realmente chegou a muitos iranianos. Uma classe média surgiu. Mas eles reclamavam da liberdade que tinham os britânicos sobre seu petróleo e seu território.
Durante a Guerra Fria, o Irã impôs um regime de perseguição a comunistas e a opositores a suas reformas.

A polícia secreta (Savak) manteve centenas de prisioneiros e matou outros tantos. Muitos deles eram clérigos radicais que, depois da queda do xá, subiram ao poder.

Um desses religiosos era o Aiatolá Khomeini, que em 1964 foi pego em sua casa e obrigado a deixar o país.
A revolução por fita-cassete

No exílio em Bagdá, Khomeini continuou a criticar o xá e suas políticas pró-ocidente.

Sua mensagem chegava às massas por meio de fitas-cassete gravadas durante conversas ao telefone.

Ele se tornou o símbolo da oposição ao regime e à monarquia.
Em agosto de 1978, o xá atacou abertamente Khomeini em um artigo publicado num jornal. Foi o estopim para greves e manifestações que uniram a oposição. As manifestações se intensificaram e levaram à imposição do estado de exceção no país.

Em 8 de setembro, uma manifestação acabou em matança nas ruas de Teerã. O dia ficou conhecido como a 'sexta-feira negra'.

Khomeini saiu do Iraque e foi para a França. Ainda que no exílio, as massas gritavam seu nome nas ruas.

Em 15 de janeiro de 1979, o xá deixou o país para nunca mais voltar e depois de 15 dias, o aiatolá enfim voltou ao Irã.

A república islâmica

Vitoriosa, a revolução deu início a uma república muçulmana.

Os apoiadores de Khomeini que estavam na prisão viraram membros do novo governo. Já os ex-partidários do xá foram executados. Os julgamentos eram muitas vezes secretos e as execuções foram noticiadas e aclamadas por muitos.

"As mudanças não foram totalmente impostas, no sentido de serem aplicadas contra a vontade da população, já que foi uma revolução popular", explica o professor Charles Kurzman. "Mas à medida que se tornou uma coerção, muitos iranianos votaram por mudanças significativas no sistema. Uma mudança importante que a revolução trouxe foi o sentimento de que eles merecem um sistema político que reflita seus valores - nesse sentido, a revolução aumentou muito a expectativa popular por representação política."



Sob os véus e turbantes, mas de olho no Ocidente

O iraniano tem uma vida dupla, vivendo entre o atraso e a esperança

O mais enérgico movimento social a emergir no Irã desde 1979 foi o das mulheres.
Apesar de obrigadas a esconder os cabelos com lenços pretos, as iranianas conquistaram posições importantes no governo, na universidade e na imprensa.
Não é uma situação comum no mundo islâmico, sobretudo nos países árabes. Ao contrário, as mulheres são privadas de direitos básicos na maioria deles e não há notícia de nenhuma organização pelos direitos femininos que tenha sobrevivido por muito tempo.
A situação de inferioridade da mulher no Islã decorre, sobretudo, dos costumes patriarcais, mas a religião desempenha seu papel. Inspirada nos preceitos do Corão, a lei concede ao marido o direito de repudiar a esposa, sem que ela possa contestar ou pedir pensão.
Na situação inversa, o divórcio exige da mulher longas batalhas judiciais. Em muitas nações, a mãe divorciada só pode criar as filhas até os 12 anos e os filhos até os 10. Daí em diante são entregues ao pai. Em vários países, a viúva não tem direito à herança do marido, repartida apenas entre a prole masculina.

Guerra Irã x Iraque
Em 2000, os eleitores deram aos candidatos reformistas uma espetacular vitória no Irã.
Não demorou muito para que os aiatolás de linha dura, que detêm o poder real no país, fossem à forra: proibiram a circulação de dezesseis jornais alinhados com o reformismo moderado do presidente Mohammed Khatami.
O recado foi claro. O pessoal de turbante, que há mais de duas décadas tenta enquadrar iranianos nos usos e costumes do século VII, quando o profeta Maomé orientava pessoalmente seus fiéis, não aceita pacificamente o resultado das urnas.
Os dois Irãs, de um lado os reformistas, mais abertos ao Ocidente e ao bem-estar gerado pelo desenvolvimento, e do outro os conservadores, apegados ao obscurantismo fundamentalista, empenham-se agora numa espécie de duelo fatal.
A dicotomia entre o novo e o velho pode ser notada no dia-a-dia das pessoas. É como se houvesse um país público, em que tudo é proibido, e um privado, onde se pode quase tudo.
Em Teerã, é possível observar mulheres vestidas com lenços coloridos em vez do preto tradicional, com as unhas pintadas, o rosto maquiado e com mechas de cabelo aparecendo por baixo do véu. Casais de namorados andam de mãos dadas, apesar da ameaça da polícia religiosa armada de metralhadora e chibata.
A música popular e a dança, banidas após a revolução, renascem às claras. Tudo na mais absoluta e tolerada ilegalidade. Até as antenas parabólicas, mesmo proibidas, começam a proliferar, muitas delas camufladas dentro de tendas.
Moda e maquiagem
A florescente indústria cinematográfica do país retrata o processo de mudança cultural.
Grandes nomes, como o diretor Mohsen Makhmalbaf, antes um fiel seguidor do regime dos aiatolás, hoje produzem filmes com conteúdo crítico.
Em parte, os aiatolás estão colhendo agora o resultado de uma política desequilibrada. Antes da revolução islâmica de 1979, apenas 54% da população sabia ler e escrever. Hoje, 72% dela está alfabetizada.
As mulheres foram as que mais aproveitaram a oportunidade. Quase a metade dos universitários do país pertence ao sexo feminino.
Para todos os efeitos, o Irã ainda é um país miserável, com mais de 50% da população vivendo abaixo da linha de pobreza. Bem-educados, os jovens, que são dois terços da população e não vivenciaram a derrubada do xá, cobram agora as mudanças prometidas nas eleições.
Sem o apoio deles, é pouco provável que os aiatolás consigam brecar as reformas. A abertura lenta e gradual preconizada por Khatami deve continuar, mas nada impede que outros percalços apareçam pelo caminho.
No Irã oficial, regido pela batuta severa dos turbantes negros, as mulheres são obrigadas a usar um manto negro, e a ínfima exibição de fios de cabelos pode ser punida com chibatadas públicas.
Tudo o que lembra a cultura ocidental - livros, revistas, discos e filmes - continua banido. Na vida real, é diferente.
No Irã da maioria dos iranianos, a maquiagem e a preocupação com a moda estão de volta ao dia-a-dia feminino. O descompasso tem uma explicação: o clero islâmico, que tenta conservar o poder com mão de ferro, está perdendo a luta pela alma do povo iraniano.
Dois terços da população do Irã têm menos de 25 anos. A maioria não tem nenhum sentimento especial em relação ao xá Reza Pahlevi, o tirano destronado pela revolução islâmica, ou por Ruhollah Khomeini, o aiatolá que liderou o movimento. Também começa a se perder a lembrança da sofrida guerra com o Iraque, que matou 400.000 iranianos e terminou em 1988.
A nova geração de iranianos vive às voltas com as urgências de um cotidiano complicado, de opressão religiosa, isolamento internacional e tremendas dificuldades para tocar a vida.
Como os empregos são escassos, os jovens adiam o casamento até ter dinheiro suficiente e um lugar para viver. As universidades estão tão apinhadas que só aceitam um em cada dez candidatos.
Apesar de algumas restrições terem sido atenuadas, homens e mulheres não podem cruzar-se no mesmo ambiente, exceto se forem parentes próximos. Música laica e bebida continuam proibidíssimas.
Uma parte do drama se explica pela dificuldade de manter um país enorme e vibrante como o Irã à margem do mundo moderno.
Em Teerã, a cidade mais liberal do país, a mensagem do "Grande Satã" (como os aiatolás chamam a cultura ocidental) é consumida com avidez.
O resultado é uma população obrigada a uma vida dupla. Exceto por alguns grupos no exílio, não há contestação organizada ao poder do clero. O que está corroendo o regime é a revolução silenciosa dentro da cabeça dos iranianos.
Apesar de as aulas ainda começarem com o brado ritual de "morte à América", a audiência de emissoras como a CNN e a BBC evidencia o fascínio pela cultura ocidental, sobretudo a americana.
Esporte 'fútil'
Em 1998, enquanto estudantes reformistas e militantes conservadores se enfrentavam nas ruas de Teerã por causa da prisão do prefeito da cidade, Gholam-Hossein Karbaschi, o jornal Iran, editado pela agência oficial Irna, publicou uma notícia aparentemente irrelevante: as iranianas seriam autorizadas a jogar futebol.
Mulheres e futebol são dois elementos que estão na origem do movimento pela abertura do fechado regime dos aiatolás.
A classificação da seleção do Irã para a Copa do Mundo da França provocou uma irreprimível onda de euforia impossível no país.
As comemorações do empate contra a Austrália, que garantiu a vaga ao Irã, levaram às ruas milhares de pessoas, numa manifestação de massa inédita desde os tempos da revolução islâmica que derrubou o xá Reza Pahlevi, em 1979.
Um considerável contingente dos manifestantes era constituído por mulheres, que pela primeira vez em vinte anos ignoraram a proibição de participar de atos públicos lado a lado com homens. As manifestações foram tão amplas que não permitiram a intervenção dos guardas da revolução, sempre prontos a reprimir qualquer transgressão às normas do Islã.
Uma das características mais marcantes dos fundamentalistas muçulmanos, em qualquer país, é sempre a obsessão por controlar o comportamento da mulher, em todas as esferas.
É por isso que cada "transgressão", por menor que seja - um lenço colorido no cabelo em lugar do preto regulamentar, um toque de batom nos lábios -, ganha dimensão política.
Assim, para as iranianas, tradicionalmente mais independentes do que as mulheres dos países árabes, foi uma considerável vitória obter autorização para freqüentar estádios e a promessa de poder jogar futebol.
Até a revolução dos aiatolás, o Irã era um dos países líderes do futebol no Oriente Médio. Campeã por três vezes da Copa da Ásia, a seleção praticamente havia feito sua despedida dos campos internacionais na Copa da Argentina, em 1978.
Um ano depois, com o regime dos aiatolás no poder, o futebol foi proibido.
A exemplo de outros valores culturais introduzidos pelos colonizadores ingleses no início do século, o futebol passou a ser considerado atividade fútil e sinal de decadência ocidental.
Em matéria de esporte, os fundamentalistas permitiam apenas a luta clássica. Só dez anos mais tarde, coincidindo com a morte do aiatolá Khomeini, o futebol voltou a ser tolerado.
A transmissão de jogos pela televisão, porém, continuou proibida e até bem pouco tempo atrás só era permitida a publicação em jornais e revistas de fotos dos jogadores de meio corpo, sem mostrar as pernas.
O futebol é uma das raras formas de lazer permitidas aos jovens, que não podem dançar nem ouvir música profana, pelo menos em público. O interesse e a paixão pelo esporte crescem no mesmo ritmo da insatisfação popular com o regime.
A revolução Verde (imagens fortes)
Ashura : a cerimonia xiita
Ashura no Iraque e no Irã

Ashura em diferentes países ( cenas forte)

Extras:

Video: Os 30 anos da revolução iraniana

videos e slide-show:
Conheça o Irã:
Fontes:

revista ISTOÉ

Revista Época

G1 - Globo. com

Revista VEJA

VEJA online
youtube.com

quarta-feira, 22 de abril de 2009

ÁFRICA: Continente Esquecido

África
Durante o período do neocolonialismo a África foi dividida, em fronteiras artificiais de acordo com os interesses europeus. Portanto, grande parte dos conflitos existentes na África, são originados por problemas de território, uma vez que as delimitações das fronteiras dos países africanos foram estabelecidas por colonizadores que não levaram em consideração a identidade e tradição tribal confrontando assim, as etnias dentro do continente.Tribos aliadas foram separadas e tribos inimigas foram unidas. As conseqüências dessa divisão são as condições de fome, guerras civis e epidemias, na qual vive grande parte da população africana.
Mapa da Africa
A África Subsaariana corresponde à região sul do deserto do Saara.
Ao norte encontramos uma organização sócio-econômica muito semelhante à do Oriente Médio formando um mundo islamizado, ao sul temos a chamada África negra, assim denominada pela predominância de povos de pele escura, nesta região encontra-se os piores indicadores sociais.Os principais problemas são: Fome, Guerras civis, Epidemias e Questões ambientais.

Pirâmides

Os primeiros seres humanos surgiram na África, os mais antigos fósseis de hominídeos
foram encontrados no continente africano e tem cerca de cinco milhões de anos.
O Egito foi provavelmente o primeiro estado a se formar no continente há cerca de 5000 anos, além disso, os africanos foram procurados desde a antiguidade por povos de outros continentes que buscavam as suas riquezas como sal e ouro. Sua divisão territorial é muito recente. Realizou-se em meados do século XX, e resultou na descolonização européia.
Apesar de se registrarem atualmente na África muitos conflitos de caráter político, a
grande maioria dos países possui governos democraticamente eleitos. No entanto, as eleições são frequentemente consideradas “sujas” devido ás fraudes tanto internamente como pela comunidade internacional
, já que existem países em que o presidente ou o partido governamental se encontra no poder a vários anos.

Balbuinos

A ciência diz que a África foi de onde nós viemos. África, local da origem do homem. Os fósseis humanos mais antigos, datados de 200 mil anos, foram encontrados no continente africano. Mas que continente é esse hoje? De vários rostos. São quase 950 milhões de habitantes em 53 países que falam cerca de mil idiomas. Há pouco tempo, na segunda metade do século XX, a maioria dessas nações ainda era colônia. Ingleses, franceses, alemães, portugueses, espanhóis, italianos, holandeses e belgas deixaram suas marcas. A independência recente veio junto com problemas econômicos, miséria e conflitos. E, nos últimos anos, crescimento em alguns países. Hoje, a África é sinônimo de contraste. Paisagens lindíssimas, algumas conhecidas em todo o planeta. Economias emergentes e riqueza convivem com tragédias humanitárias. De cada dez africanos, quatro vivem abaixo da linha da pobreza, segundo as Nações Unidas.

Apartheid
Hoje, há 16 países com conflitos. Piratas do século XXI, na Somália, guerra civil no Sudão. São cerca de nove milhões de refugiados na África. Política, religião, etnias diferentes. A origem dos conflitos tem varias causas.

Apartheid

Zimbabuanos sorriem mesmo à beira do caos

O sistema de saúde não existe, a expectativa de vida é de 37 anos, a economia ruiu, mas eles não deixam de sorrir nos campos de refugiados sonhando com dias melhores na vizinha África do Sul.

Sorrisos são muitos na fronteira entre o Zimbábue e a África do Sul, embora não haja motivos para se exibir rostos felizes. Não fosse o que move todos: a esperança. Esta é a África dos contrastes. Joanesburgo, maior cidade sul-africana, é a mais rica de todo o continente e a apenas 500 quilômetros está um país falido: o Zimbábue. Robert Mugabe foi o herói da independência. No poder há 29 anos, conduziu seu povo ao caos. Sistema de saúde não existe. Isso diante de uma epidemia de cólera, que já matou 3 mil pessoas e contaminou outras 60 mil. A expectativa de vida é de apenas 37 anos. A economia ruiu, a inflação é de 98% ao dia, o que cria monstros como uma nota cheia de zeros. São cinco bilhões de dólares zimbabuanos. "Não se compra nada com isso", diz uma mulher. De tão desvalorizado, o dólar zimbabuano acaba de ser extinto.

AIDS
Oito de cada dez pessoas estão desempregadas. Só há uma saída: ir embora. Do outro lado da margem do Rio Limpopo está o Zimbábue. Nos últimos anos, três milhões de zimbabuanos, segundo estimativas, nadaram pelo rio, passaram por grades e entraram ilegalmente na África do Sul em busca de uma vida melhor. Musina, no lado sul-africano, fica a apenas 13 quilômetros de Beitbridge, no Zimbábue. Um campo de refugiados é a porta de entrada dos zimbabuanos. Eles dormem na rua, não tem comida, água. Homens e mulheres à mercê da sorte e em busca de um visto de residente. Um homem era mecânico no Zimbábue, agora não tem nada.
Ao chegar a Joanesburgo, os zimbabuanos percebem que o futuro não será fácil. Chegaram numa cidade rica, mas estão tão perto e ao mesmo tempo tão longe de uma oportunidade. Ainda assim, é melhor do que ficar no Zimbábue. Enquanto Mugabe não sai do poder, enquanto as soluções não aparecem, os zimbabuanos seguem lutando com o que tem e o que lhes dá força: um simples sorriso.

AIDS
Atrações turísticas pouco exploradas na África
Animais como babuínos ou pinguins africanos e plantações de uva para a produção do vinho que já ganha o mercado mundial mostram que a África pode ser surpreendente aos olhos e ao paladar também.
Pirâmides, safáris, paisagens exóticas. Apesar de lindos cenários, a África ainda é pouco visitada: recebe apenas 5% dos turistas do mundo. Em 2008, 46 milhões de pessoas vieram ao continente, oito milhões delas para o Egito. Em segundo lugar, a África do Sul, com quase sete milhões. E é neste país que o turista pode encontrar uma face desconhecida do continente. Na Cidade do Cabo, próximo ao Cabo da Boa Esperança, que separa os oceanos Índico e Atlântico, e uma praia esconde algo raro: pinguins.
Cólera
Pinguins africanos, uma espécie ameaçada. São apenas 1,8 mil. No local, encontram o que gostam: verão brando, inverno rigoroso e água fria no mar. A 80 quilômetros da Cidade do Cabo, outra paisagem que foge ao estereótipo da África: plantações e plantações de uva. São mais de 600 vinícolas, 800 quilômetros de terras cultivadas na área de Stellenbosch, a capital do vinho. Uma história que começou há muito tempo. O primeiro vinho sul-africano foi produzido por um holandês, há 350 anos. Mas não era de boa qualidade. Até que no fim do século XVII, famílias francesas vieram morar na região e ensinaram a maneira adequada de se plantar a uva. Nascia uma tradição, que no século XXI, a cada ano, ganha mais força. A presença francesa deixou marcas. Franschoek é uma cidadezinha de 20 mil habitantes, onde tudo lembra a França: as placas em francês, a arquitetura.

Cólera
Com o fim do Apartheid, há 19 anos, as sanções comerciais abrandaram e a África do Sul passou a exportar o vinho. Hoje, o país é o nono produtor mundial e compete com Austrália e Chile no que é chamado de mercado do novo mundo. Não é petróleo. Mas os sul-africanos passaram a ver um líquido precioso jorrando. Junto com ele, vieram também em abundância empregos e faturamento. São 250 mil pessoas trabalhando nas fazendas. O vinho contribui com 10% do Produto Interno Bruto da África do Sul, a soma de tudo o que é produzido no país. "Temos invernos frios e chuvosos e verões secos e quentes. O que é ótimo para o solo e para evitar pragas. O clima é ótimo", explica Chris Williams, gerente de uma das principais vinícolas do país. O sucesso atrai turistas à região. Eles veem de perto o quanto a África pode ser surpreendente aos olhos e ao paladar também.

Genocídio Ruanda
A migração perigosa dos africanos
Conheça a cidade de Tanger, no Marrocos, que está a apenas 14 quilômetros da Espanha e é um pólo de imigração de todo o continente africano.
Trezentos e quarenta e dois imigrantes clandestinos chegam diariamente de barco à ilha de Lampedusa, na Itália. O grupo é originário do norte da África. Normalmente, cobra-se o equivalente a R$ 2 mil para levar um imigrante ilegalmente até a Europa. Muitos tentam ir de carro mesmo. A 50 quilômetros de Tanger, fica Ceuta, um enclave espanhol dentro do Marrocos. Território europeu, um pequeno pedaço de terra que virou o Eldorado para muitos africanos. Aqui não é o único lugar. Há outras rotas. Do sul do Marrocos até as Ilhas Canárias, também território espanhol, ou do litoral da Tunísia ou da Líbia até a Itália.

Genocídio Ruanda
Só no ano passado, 15 mil africanos chegaram ilegalmente à Itália e 31 mil à Espanha. O que leva a esse sacrifício tem várias razões.
A primeira delas, a pobreza. Segundo as Nações Unidas, os 20 piores países para se viver no mundo são africanos.
O continente é onde há o maior número de casos de AIDS. Em alguns países, como a África do Sul, de cada 100 pessoas, 18 tem o vírus HIV.
Além da pobreza, o grande número de conflitos é o maior causador do fluxo de imigrantes.
O Sudão é a nação-símbolo desses problemas. A religião foi a principal causa de uma guerra civil que dizimou dois milhões de pessoas. Muitos conflitos tiveram origem étnica.
Cidadãos do mesmo país, mas de tribos de diferentes. O que provocou um dos capítulos mais dramáticos da África, o Genocídio de Ruanda, há 15 anos: 1 milhão de mortos.
A instabilidade está ainda em muitos países, como a República Democrática do Congo.
Na Somália, um país sem governo, ameaçado por piratas que atacam embarcações comerciais de outros países que passam pelo litoral somali.
São nove milhões de refugiados na África. Entre viver num campo e arriscar uma fuga para uma nova vida, milhares ficaram e ficam com a segunda opção. A Europa colonizou a África até a primeira metade do século XX. Agora, vem recebendo a conta. E ela é numerosa e difícil de ser paga.
Genocídio Ruanda
Angola, onde o Brasil está mais presente na África
Lagos, maior cidade da Nigéria. No meio dessas ruas está escondida uma relação histórica com o Brasil. A placa diz: Bairro Brasileiro. A arquitetura é parecida com a do nosso período colonial. Herança de antigos escravos na Bahia e no Rio de Janeiro que resolveram voltar para a terra dos antepassados quando ganharam a liberdade.
A culinária também ganhou novos atrativos e os nomes soam familiares. Tem nomes brasileiros, mas não falam português. Emanuel Vera Cruz, um senhor de 80 anos, mostra com orgulho sua árvore genealógica. "Meu tataravô veio do Brasil", diz ele.
No Benin, há o Museu dos Souza, também sobre os retornados, como são chamados os escravos libertados que vieram para a África. E, em Gana, há a comunidade Tá Bom, em homenagem aos brasileiros.
Pinguin africano
Essa é uma influência deixada pelo Brasil no fim do século XIX. Mas e no início do século XX? Onde o nosso país está presente na África? Nada se compara ao que acontece em Angola. Música, Novelas. Cultura brasileira em doses diárias. À noite, famílias angolanas param diante da TV. “Vejo todas as novelas. De Malhação até o Caminho das Índias". “Eu lembro perfeitamente, pequenina, assistindo às novelas brasileiras naquela época, na década de 70, como, por exemplo, Gabriela, Bem Amado”, conta a historiadora Anabela Cunha.

Pirata somaliano

Angola é um contraste. Tem um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano, segundo as Nações Unidas. Angola está na posição 157 de 179 nações avaliados.
Em contra-partida, desde 2002, o crescimento econômico é incrível. Ano passado foi de 16%.
Depois de 25 anos guerra civil, Angola está renascendo. Obras para todos os lados. Esse cenário de reconstrução em Luanda tem uma grande participação do Brasil. São 40 mil brasileiros trabalhando em Angola, nas mais diversas áreas. Estradas, ruas, prédios. Onde há uma obra, há um brasileiro. “Eu acho que o Eldorado do mundo hoje é Angola, Luanda. Quero ver como vai ficar isso aqui daqui a 30 anos”, projeta o empresário Mário Corrêa.
A transformação é rápida. Há dois anos, shopping center não existia em Luanda. É administrado por brasileiros. Um sucesso. “A gente tem durante a semana um fluxo entre 10, 11 mil pessoas e, aos fins de semana, quase 30 mil pessoas”, conta Irmala Souza, gerente de marketing.
Futebol? Não poderia faltar um brasileiro. Marinho Peres, ex-zagueiro da Seleção na Copa de 74, é o técnico do ASA, de Luanda. “É um povo muito alegre. Honestamente, é como seu eu tivesse no Brasil, no Rio de Janeiro”.
Os brasileiros estão ajudando a mudar a paisagem, a mudar a infraestrutura da cidade e a mudar pequenos detalhes: salão de beleza lotado. Todas querem o que chamam de "cabelo brasileiro". “Quando eles falam de cabelo brasileiro, eles falam de cabelo liso. É o famoso cabelo bonito”, diz a gerente Hainê Marques. O oceano que separa Brasil e Angola parece nem existir. A distância diminuiu de tamanho. É bom saber que temos irmãos na África.

Sudão
Sul-africanos tiveram quarta eleição após Apartheid
São 15 anos desde eleição que levou Nelson Mandela ao poder e marcou o fim do Apartheid. Hoje, negros e brancos convivem, se respeitam, mas a sombra do preconceito ainda existe.
Pelas ruas, se misturam os dois eventos que vem mexendo com a África do Sul: A Copa das Confederações, prévia da Copa do Mundo, e as eleições que foram realizadas a pouco tempo atrás.
Sudão
Negros frequentam bairros onde moram brancos, mas o contrário não acontece ainda. Basta andar pelas ruas do centro de Joanesburgo ou de Soweto, bairro símbolo da libertação dos negros. Até no esporte isso ainda se reflete. A entrada de um jogo de críquete, por exemplo, maioria de brancos. Já olhando para uma arquibancada em um jogo de futebol, é fácil perceber qual é a paixão dos negros.

Sudão

Aos poucos, novos comportamentos na sociedade sul-africana vão aparecendo.
O que era crime há 20 anos hoje se torna o símbolo de como o país mudou. Eleni, de 22 anos, e Duinti, de 27, são namorados. Casal multirracial, algo ainda raro, mas não impossível de se ver. "O país mudou, mas não mudou tanto. Ainda há obstáculos, os olhares, as barreiras. Muitos acham normal, mas há algumas pessoas que não gostam mesmo", diz Eleni, que teve a reprovação da irmã mais velha quando disse que namorava um negro. "Meus pais aprovaram, mas fazem piada comigo. Ah, está com uma branca...", conta Duinti.
Ambos nasceram nos últimos anos do Apartheid. Na infância, sequer tiveram amigos de outra cor. "Parece loucura pensarmos que era proibido um casal como nós. Mas nosso país era assim. Agora, somos o que nosso país é e passará a ser", conta Duinti. Quando os filhos desses novos casais vierem, a África do Sul terá dado mais um passo importante na democracia racial - a miscigenação.

Nelson Mandela
Quando se fala em África logo pensamos na fome e na grande epidemia da AIDS, que
juntas são pioradas pela falta de água
. Esses problemas em conjunto assolam o continente africano, provocando mais pobreza e desprezo de grandes governantes do mundo, que fecham os olhos diante da realidade existente na África.

Angola
AIDS

A situação provocada pela Aids é catastrófica, combinada com a pobreza e a falta de
informações tem provocado uma tragédia de números inacreditáveis. A própria agência das Nações Unidas para a Aids, Unaids, já considera inevitável nos próximos dez anos a morte de todas as pessoas hoje portadoras do vírus no continente africano.
O número de infectados com HIV na África Subsaariana é maior que 28 milhões.
A África do Sul, mesmo sendo o país mais rico do continente, não ficou fora da epidemia da Aids. Em pouco mais de uma década, a África do Sul constatou 2,9 milhões de casos, deixando um rastro de 360 mil mortos.
Safari
Atingindo principalmente a população negra e pobre, essa doença prejudica a economia dos países africanos. O Produto Interno Bruto (PIB) da África do Sul, por exemplo, será 17% menor em dez anos por causa da Aids. Empresas de vários países calculam perder entre 6% e 8% dos lucros em gastos com funcionários contaminados.
Segundo especialistas a razão pela qual o HIV se alastre de uma forma tão rápida, é a
falta de vontade política dos governantes de lidar com a doença e de tocar em assuntos tidos como tabu para a maioria das culturas africanas, como o sexo, homossexualismo e camisinha.

Safari

Muitos africanos ignoram o que seja a Aids. Eles acham que a doença é causada apenas pela pobreza, por bruxaria, inveja ou por maldição de espíritos antepassados. Esses mitos aumentam o estigma em torno da Aids, mantida em segredo por doentes e familiares devido ao preconceito e ao isolamento a que são submetidos na comunidade. Além disso, relataram-se diversos casos nos quais africanos homossexuais tiveram tratamentos negados ou foram ridicularizados, mostrando a dupla discriminação, por serem homossexuais e soropositivos.

Safari

Um grande contraste é que as causas da pandemia também estão na política. Mesmo
com um PIB per capita de U$ 10,7 mil, na África do Sul quase 22% da população adulta é portadora do HIV.
Em Uganda, com PIB per capita de U$ 1,8 mil, a prevalência do vírus entre adultos reduziu-se de 12% para 4% na ultima década.
A diferença entre esses países é que a Uganda forneceu coquetéis as gestantes e investiu em saneamento básico, garantindo a segurança da mistura do leite em pó e água aos bebes de mães portadoras do vírus.
A epidemia de Aids na África tem efeitos similares aos de uma guerra, vitimando
principalmente adultos. Mas, diferente da guerra, a Aids atinge homens e mulheres em proporção semelhante. Do ponto de vista demográfico, ela tende a produzir sociedades de adolescentes órfãos.

Safari

Fome

Segundo as Nações Unidas, mais de trinta milhões de pessoas em 24 países da África
Subsaariana estão passando fome devido a problemas que vão desde guerras, clima seco a crises econômicas.
Doze milhões de pessoas na região sul da África necessitam imediatamente de ajuda, depois de uma pobre colheita de cereais.


O período entre dezembro a março é conhecido como "Estação da fome".
Esse é o tempo que precede a colheita, devido à ausência de alimentos nos armazéns, as famílias passam a fazer uma refeição por dia.
Os efeitos da "Estação da fome" não são novos, mas recentemente têm se agravado com o aumento de conflitos étnicos, HIV/AIDS e a pobreza crônica que amplia fatores ambientais como a seca.
Muitas comunidades não têm recursos para sobreviver a esses fatores.
A fome é um das piores problemas da África, se não o pior.

A seca e outros desastres naturais em muitas partes do continente intensificaram a falta de comida, mas pobreza é a causa real desse empasse. Para piorar as melhores terras agrícolas foram tomadas para crescer café, cana de açúcar, chocolate, e outras colheitas de exportação que foram vistas como o meio de desenvolvimento econômico de acordo com a teoria neoclássica de vantagem comparativa.

Fundos privados de governo foram investidos para desenvolver estas colheitas
de dinheiro, enquanto produção de alimento para a maioria pobre foi negligenciada. Usar a melhor terra para agricultura de exportação degradou o ambiente e empobreceu a população agrícola rural, forçando muitos trabalhar em plantações .

Visto do alto: o Cabo da Boa Esperança
Um grande mito em relação à fome africana é falar que a mesma é causada pela população excedentária. Se fosse por esse motivo esperaríamos achar fome em países densamente povoados como Japão e os Países Baixos e nenhuma fome em países esparsamente povoados com Senegal e Zaire, onde alias, deficiência de nutrição é muito comum.

Antártida? Não, pinguins africanos.
Em relação à ajuda estrangeira, os EUA doam grandes quantias de alimento para a
África. Mas enquanto é essencial ajudar as pessoas em necessidade, devemos lembrar que essa ajuda de alimento, no melhor dos casos, só trata os sintomas de fome e pobreza, não suas causas.

Europa? Não, são vinícolas africanas.
ÁGUA

Além das guerras étnicas, a África corre outro grande risco: a disputa pela água para
assegurar o suficiente para o povo e seus animais.
Uma catástrofe que pode agravar ainda mais os sofrimentos do povo africano.

Recepção: babuínos dão as boas-vindas no Cabo da Boa Esperança.
São milhares de quilômetros - numa extensão que vai da região dos Grandes Lagos ao Mar Vermelho - que compõem a faixa da seca. Essa seca foi provocada pela escassez e pelo atraso das grandes chuvas características da região central da África, mas também pelas inúmeras guerras que fizeram milhares de pessoas abandonarem os campos, fugindo dos exércitos beligerantes.
Nessa faixa de terra, existem cerca de 16 milhões
de pessoas, entre homens, mulheres e crianças, ameaçados pela fome porque não houve colheitas e os rebanhos começam a definhar.
Calor: céu azul, típico no país, e Luanda ao fundo.
A falta de chuva e o esvaziamento dos lagos artificiais já obrigam, há mais de dez meses, o racionamento de eletricidade.
No Sudão, devido à guerra do sul contra o norte e no chamado Chifre da África (Eritréia, Somália e Etiópia), a situação é caótica graças aos deslocamentos de massas humanas para fugir das guerras e da escravidão, pelo abandono dos campos e pela escassez de chuvas.
Numericamente, o caso mais grave é o da Etiópia, país de clima semi-árido e montanhoso, onde a subnutrição atinge 10 milhões de moradores, conferindo-lhe o antepenúltimo lugar na escala mundial da pobreza.
Sorriso no rosto: em meio às dificuldades históricas do país e ao trânsito do Centro de Luanda, ainda é possível sorrir.
Dentro de alguns anos, um entre dois africanos terá a sua porção de água necessária
para sobreviver reduzida pela metade ou até menos. Tudo indica que mais de 12 países africanos terão que enfrentar o problema da falta de água para suas populações, talvez até através de conflitos onde existem as grandes reservas de água, como as regiões dos grandes lagos e dos grandes rios.
Exemplo disso é o rio Nilo, sobre o qual a Etiópia reclama justos direitos de reservas, visto que em seu território nasce o Nilo Azul, responsável pelo fornecimento de 85% das águas de todo o rio.
Se os problemas da África estão se agravando pelas guerras civis, pelo abandono dos
campos e pela falta de aplicações de recursos para melhoramento da conservação do solo, outro fator negativo é a substancial diminuição da ajuda estrangeira.
Entre os carros: angolana carrega um pesado tacho de bananas na cabeça.
Apartheid
Ao fazer uma análise sobre o Apartheid, percebe-se que tal sistema de segregação racial
é, no mínimo, preconceituoso, uma vez que coloca o negro em uma condição de rebaixamento, ao considerá-lo inferior ao branco.
O negro era considerado e tratado como um objeto; era impedido de manter uma vida social digna; não podia freqüentar os mesmos lugares que os brancos; não podia se servir das mesmas regalias, das mesmas formas de lazer, dos mesmos serviços, enfim, os negros não tinham direitos, mas, sim, deveres a serem cumpridos.
Pode não parecer, mas foi uma realidade vivida na África do Sul durante muitos anos.
Centro: tráfego pesado em Luanda.
Esse quadro lamentável só veio a se modificar com o surgimento de uma figura heróica, a qual foi capaz de se submeter a vários desafios para alcançar seu grande objetivo: o fim do Apartheid.
Tal figura, da qual possuo grande admiração, pela sua garra e coragem, é Nelson Mandela, advogado, principal representante do movimento anti-apartheid, como ativista, sabotador e guerrilheiro.
Considerado pela maioria das pessoas um guerreiro da luta pela liberdade; considerado pelo governo sul-africano um terrorista.
Lá como aqui: assim como muitas brasileiras, as mulheres de Angola carregam produtos na cabeça.
Após o fim do regime de segregação, em 1994, Mandela foi eleito presidente da África do sul.
Encerrou seu mandato em 1999 e, a partir desse ano, passou a defender causas humanitárias pelo mundo.
Nós, como cidadãos, deveríamos seguir o exemplo de Nelson Mandela – o de lutar
pelos nossos interesses, o de tentar construir um mundo melhor. Mas, o que acontece, infelizmente, é que nós nos acomodamos ao pensar que sozinhos não chegaremos a lugar algum.
É fato que, se continuarmos possuindo essa mente tão pequena, nem um grão de areia será movido do lugar.
É importante, portanto, que cada um faça sua parte; é importante dar o primeiro passo, para que, conseqüentemente, os próximos sejam dados. E assim como Nelson Mandela conseguiu podemos, também nós, contribuir para a construção de um mundo melhor, sem desigualdades, sem preconceitos, em prol da paz.
2 em 1: o porto e o centro da capital Luanda ao mesmo tempo.
Genocidio em Darfur:
A guerra civil que afeta o sul do Sudão praticamente desde sua independência, em 1956, atingiu um novo patamar com a catástrofe humanitária que se esboça na região de Darfur, no oeste do país.

Genocídio em Ruanda:

Em 1994, houve um Genocídio que provocou a morte de mais de 800.000 pessoas em Ruanda, simplismente por diferenças étnicas.

Referências Bibliográficas:
Especial multimidia (muito bom) sobre os africanos que tentam chegar ilegalmente na Europa:
Sites interessantes: