Por que preservar a Amazônia?
O SENSO COMUM: a Floresta Amazônica é o pulmão do planeta. Se ela desaparecer, o aquecimento global vai se acelerar de forma dramática.
A VERDADE: as pesquisas mais recentes mostram que o efeito mais visível do desaparecimento da Amazônia seria o desequilíbrio das chuvas no mundo.
O grau de desmatamento
O SENSO COMUM: o governo garantiu que o desmatamento está sob controle.
A VERDADE: o desmatamento aumentou seu ritmo em 30% nos últimos meses.
O boi, a soja e a madeira
O SENSO COMUM: não faz sentido derrubar a floresta e substituí-la por pastos e lavouras.
A VERDADE: em certas regiões da Amazônia a agricultura é irreversível. O que falta é respeito à lei.
A lei e suas conseqüências
O SENSO COMUM: é proibido derrubar árvores e quem vende madeira é bandido.
A VERDADE: o desmatamento é regulamentado em diversas regiões, mas os abusos são constantes.
A ameaça do homem
O SENSO COMUM: a devastação e os conflitos na região são causados pela ganância dos fazendeiros.
A VERDADE: vários fatores contribuem para o caos, mas muito do estrago é causado pelo próprio governo.
Propostas para o futuro
O SENSO COMUM: a única forma de salvar a floresta é proibir qualquer exploração econômica por lá.
A VERDADE: existem bons planos para aliar a exploração econômica à preservação.
• Alguns países criaram um sistema de remuneração para tornar vantajoso conservar a floresta em pé. Isso ocorre também, em pequena escala, no Amazonas, onde o governo oferece uma "bolsa-floresta" para que os pequenos produtores rurais mantenham intacta parte da mata em seus terrenos. Existem governos interessados em financiar projetos do gênero em larga escala, para garantir que as florestas continuem a desempenhar funções ambientais como o seqüestro de carbono.
• O programa de reforma agrária desenvolvido pelo governo federal já assentou 1,3 milhão de famílias no meio da floresta. Grande parte dos assentamentos se transformou em favelas rurais. Esses assentados são responsáveis por 20% do desmatamento da Amazônia e por boa parte das queimadas que ocorrem na região. A saída seria suspender a criação de novos assentamentos e adotar mecanismos de viabilização econômica dos já existentes.
• Estima-se que 20% das áreas desmatadas da Amazônia, que já abrigaram pastagens, estejam agora abandonadas. Essas áreas podem ser recuperadas, mas o custo para isso é alto. Sai mais barato comprar terras novas e desmatá-las. Isso pode ser revertido com a criação de linhas de crédito específicas para a recuperação e a reutilização de terras degradadas.
• Uma boa medida para diminuir a pressão sobre as matas seria mudar a lei e permitir que sejam plantadas espécies exóticas, como o eucalipto, nas propriedades que desmataram além do limite de 20%. "Reflorestar com árvores exóticas dá retorno econômico e é tecnicamente viável", diz Francisco Graziano, secretário do Meio Ambiente de São Paulo.
• Criar certificados especiais para produtos originários de propriedades que atuam dentro da lei e observam boas práticas ambientais pode ajudar a combater o desmatamento ilegal.
1 - FOGO
de dólares por ano. Considerada a emissão de carbono, os prejuízos chegam a 5 bilhões de dólares.
2 - MADEIREIRAS
Há mais de 3 000 empresas cortando árvores. Para cada unidade retirada, os madeireiros danificam pelo menos outras quinze árvores.
3 - ESTRADAS
Mais de 80% das queimadas acontecem perto das rodovias. A colonização se dá ao longo de 100 000 quilômetros de estradas clandestinas.
4 - GARIMPOS
Além de poluírem os rios e devastarem reservas ambientais, os garimpeiros foram responsáveis pela chegada da aids às aldeias indígenas.
5 - PASTAGENS
A soja avança sobre pastos antigos e capitaliza pecuaristas, que abrem novas áreas na mata. Cerca de 12% da Amazônia já virou pasto.
6 - CORRUPÇÃO
Só a Operação Curupira, realizada em junho, prendeu 47 funcionários do Ibama envolvidos na exploração ilegal da floresta.
7 - BUROCRACIA
De 539 milhões de reais em multas aplicadas em 2004, só 63 milhões de reais foram pagos e apenas 3 milhões de reais ficaram com o Ibama.
TÓPICOS ESSÊNCIAIS:
• A comunidade científica ainda não conhece suficientemente os impactos das culturas intensivas sobre o ecossistema. Isso se torna urgente com a crescente demanda mundial por alimentos, que coloca a Amazônia no centro dos debates da expansão agropecuária.
• Na Amazônia estão registrados os maiores índices de crescimento populacional do país. A principal causa dessa explosão demográfica é a migração de miseráveis de outras regiões do país, principalmente do Nordeste em busca de terra e trabalho.
• É impossível impedir a expansão da ocupação humana e a fronteira econômica na região. O Estado Brasileiro precisa definir regras claras de uso da Amazônia e garantir a segurança e o cumprimento da lei na região.
• É preciso atribuir um valor econômico para a preservação. As pessoas precisam ter lucro real com a floresta para mantê-la de pé.
• Falta investimento em pesquisa e tecnologia na Amazônia. A região tem o menor índice per capita de doutores do país e os volumes de investimentos mais baixos se comparados com as demais regiões do Brasil.
• Esquecer a xenofobia e aceitar que a solução para os problemas amazônicos não depende apenas dos brasileiros. Se os benefícios da Amazônia são globais, o mundo deve ajudar a pagar a conta da preservação.
Amazônia internacional
Propaganda internacional para a venda da Amazônia:
De tempos em tempos, uma discussão volta ao país: a suposta ameaça de internacionalização da Amazônia. A primeira vez que se falou no assunto foi no século XIX, quando um militar americano reivindicou a abertura do rio Amazonas à navegação estrangeira, despertando ira. A saída da ambientalista Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente, em maio de 2008, trouxe o tema de volta. Questionando a capacidade brasileira de zelar pelo riquíssimo patrimônio amazônico, um dos mais influentes jornais do mundo, The New York Times, publicou artigo intitulado "De quem é essa floresta, afinal?". O presidente Lula bradou: "A Amazônia tem dono, e são os brasileiros". Simultaneamente, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) revelou um suposto esquema de venda de terras da região pelo empresário sueco Johan Eliasch, conselheiro do premiê britânico Gordon Brown. Desta vez, a resposta do governo veio por meio de projeto que pretende restringir a atuação de estrangeiros na floresta. Entenda por que o mundo volta seus olhos para a Amazônia e a razão do pânico de alguns governantes.
Não há um único sinal concreto de que uma invasão ou internacionalização seja iminente ou esteja sendo planejada. Ainda assim, segundo uma pesquisa de VEJA em parceria com o instituto CNT/Sensus, 72,7% dos civis brasileiros temem isso. O fato é que nunca nenhum país ou entidade internacional séria reivindicou direito algum de soberania sobre a Amazônia, e sempre que uma autoridade deu qualquer declaração infeliz sobre o assunto a respectiva diplomacia se encarregou de desmentir. Periodicamente essa questão volta à mídia. Em 2001, por exemplo, circulou pela internet um e-mail segundo o qual um livro didático americano já apresenta a Amazônia como região internacionalizada. O mapa e o texto eram falsos. A maneira como surgiu a teoria de que a Amazônia está prestes a se tornar uma zona de controle internacional monitorada pelos países ricos ilustra bem essa definição. Circula entre grupos ligados a partidos de esquerda e também entre militares uma lista de frases de líderes mundiais que defendem, supostamente, uma soberania compartilhada da Amazônia. Um exemplo é a frase do ex-vice-presidente americano e Nobel da Paz, Al Gore, que disse em 1989: "Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é só deles, mas de todos nós".
A administração Lula é unânime em afirmar: a Amazônia pertence aos brasileiros. "Há visões da comunidade internacional que defendem a Amazônia como se ela fosse um território da humanidade e não território brasileiro. Isso aí esconde interesses econômicos sobre a Amazônia como uma reserva planetária para grandes multinacionais e para controles territoriais de outros países sobre o Brasil", resumiu certa vez o ministro da Justiça, Tarso Genro. O governo não fica somente no discurso e pretende enviar ao Congresso um projeto de lei que restringe o acesso de visitantes à Amazônia. Se a proposta for aprovada pelos parlamentares, os estrangeiros e suas organizações, incluindo as que têm vínculos religiosos, ficarão sujeitos ao controle do Ministério da Defesa. Para quem não tiver autorização e continuar atuando na Amazônia, a punição será dura: cancelamento de visto e expulsão do país. A principal preocupação do governo diz respeito ao trabalho das ONGs que atuam na região. Muitas delas têm endereço doméstico, mas capital estrangeiro, o que levanta suspeitas. Pelo projeto, as ONGs terão de pedir autorização ao Ministério da Defesa para trabalhar na região. Os infratores da nova regra também podem ter de pagar multas de até 100.000 reais.
Sobretudo para o Exército brasileiro, a defesa da Amazônia é uma prioridade indiscutível. Uma pesquisa de VEJA em parceria com a CNT/Sensus revela que 82,6% dos militares acreditam que a Amazônia corre o risco de sofrer uma ocupação estrangeira. Com sua vastidão verde, suas promessas de fartura genética e sua generosa oferta de água doce, a Amazônia é considerada pelos militares um dos grandes "pontos de cobiça" do mundo. A questão é prioridade quando o assunto é a defesa da soberania do país e tropas têm sido, sistematicamente, transferidas do Sul para a região Norte.
Os defensores da internacionalização baseiam seus argumentos nos chamados direitos de terceira geração – reconhecidos pelas constituições, convenções internacionais e tratados –, que garantem que o direito ao meio ambiente à paz e à democracia, por exemplo, não se restringe a pessoas individualmente, mas a todo o gênero humano. Esses direitos surgiram a partir do término da II Guerra Mundial, como resultado da repulsa a regimes totalitários e da exigência de que o mundo estivesse unido em prol da realização dos mais elevados valores humanos. Não se pode deixar de levar em conta, porém, o fato de que cada país tem poder para estabelecer regras jurídicas para o seu povo e políticas dentro do seu território, sem ingerências externas – o que se pode chamar de soberania nacional.
O artigo discutia o papel da comunidade internacional diante de exemplos da incompetência da administração brasileira em proteger uma floresta considerada importante e valiosa para todo o planeta. Falava também como a crescente preocupação com os efeitos do aquecimento global e as notícias sobre o aumento do desmatamento na região deram força para que líderes internacionais declarassem mais abertamente a Amazônia como parte de um patrimônio mundial – e não pertencente apenas às nações que dividem seu território. O artigo chegava até a comentar a reação hostil esses comentários provocam nos brasileiros, inclusive nos governantes.
Segundo relatório da agência divulgado pela imprensa, Eliasch avaliou que poderia comprar toda a floresta Amazônica por 50 bilhões de dólares e incentivou empresários estrangeiros a fazer doações para a compra das terras. O texto diz ainda que Eliasch é fundador da ONG Cool Earth, que já comprou terras na Amazônia brasileira e equatoriana, e as registrou em nome da Floream e da Empresa Florestal da Amazônia, empresas sob o controle do Brazil Forestry Fund Investiment, um fundo americano. Juntas as empresas já controlariam 120.000 hectares, nos municípios de Itacoatiara, Manicoré, Humaitá e Novo Aripuanã. As terras seriam vizinhas de propriedades onde, segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, existem pedidos para exploração de ouro.
A Amazônia é atualmente o mais precioso tesouro ambiental do planeta, com inimaginável diversidade biológica e manancial de água potável. Maior floresta tropical do mundo, ela abriga 15% de todas as espécies de plantas e animais conhecidas. Mas a floresta tem, também, um enorme potencial econômico. Um exemplo: multiplicando o valor de cada minério pelos estoques já medidos no subsolo da Amazônia, excluído o petróleo, tem-se como resultado a impressionante quantia de 7,2 trilhões de dólares. Repita-se: esse é o estoque já conhecido e, segundo os especialistas, há muito mais minérios sob a floresta do que as reservas já registradas.
Não. Quando o assunto é a preservação, a impressão que se tem é de que, em Brasília, sobra discurso e falta ação. Por anos, o governo alardeou a queda do desmatamento. Em 2008, no entanto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou os números do desmatamento na Amazônia: a devastação havia crescido. O Brasil dispõe da mais moderna técnica de vigilância por satélite para detectar e medir o desmatamento. São dois sistemas, Prodes e Deter, ambos gerenciados pelo Inpe. Os dados que os satélites produzem, porém, de pouco servem para reprimir os desmatamentos ilegais. Isso porque o Ibama conta com apenas 644 fiscais em toda a Amazônia e 4 helicópteros.
Basta listar algumas das características da floresta para concluir que sua extinção seria uma tragédia para a humanidade. Pesquisas recentes mostram que o efeito mais visível do desaparecimento da Amazônia seria o desequilíbrio das chuvas no mundo, seja na Bacia do Prata, na Califórnia, no sul dos Estados Unidos, no México ou no Oriente Médio. Isso traria perturbações imprevisíveis à agricultura dessas regiões. Na Amazônia também encontram-se duas vezes mais espécies de aves do que nos Estados Unidos e no Canadá. Não se sabe ao certo em que medida o desaparecimento desse extraordinário bioma afetaria o aquecimento global. No Brasil não seria diferente. Por meio da evaporação, a Amazônia produz um volume de vapor d’água que responde pela formação de 60% da chuva que cai sobre as regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. A diminuição da chuva teria um impacto direto sobre a produtividade agrícola em estados como Mato Grosso, Goiás e São Paulo. Os rios que abastecem o reservatório da Hidrelétrica de Itaipu teriam sua vazão sensivelmente diminuída, causando um colapso energético no país.
Propagando do Greenpeace:
Sim. Marina não soube solucionar a equação básica para o desenvolvimento do país atualmente: conciliar desenvolvimento com preservação. O desmatamento desenfreado da Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, é grave. Quase um quinto da vegetação original já desapareceu. A demissão de Marina ocorreu em meio a um debate central para o futuro – como conciliar o crescimento econômico com a proteção ambiental. A ex-ministra nunca passou de uma peça de marketing exibida pelo governo Lula para mostrar uma suposta vocação ambientalista. No cargo, mostrou pouca intimidade com a burocracia, a começar pela montagem da equipe. Seus principais assessores eram quase todos militantes de organizações dogmáticas, que viviam em atrito permanente com setores do próprio governo.
Propaganda do Greenpeace:
A reação no exterior ao pedido de demissão da ministra foi de susto. O jornal inglês The Guardian qualificou a saída de Marina Silva como "uma ameaça ao futuro da maior floresta tropical do mundo". Marina, muito antes de ser ministra, era reconhecida internacionalmente como defensora da preservação da floresta, com excelente trânsito entre as ONGs mais barulhentas do planeta. A ex-ministra já havia aparecido em um ranking do Guardian como uma das 50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta. A ONG WWF-Brasil lamentou a saída de Marina, dizendo que o fato é uma prova de que "a área ambiental não tem espaço no atual governo". Para a ONG The Nature Conservancy, a demissão poderá aumentar a pressão externa contra a produção de biocombustíveis.
Uma boa alternativa para quem é preocupado com o meio ambiente é usar o Ecoogler. O nome parece estranho, mas o serviço é bem conhecido. A página utiliza as mesmas ferramentas de buscas do Google, ou seja, buscando pela mesma palavra se encontra as mesmas indicações tanto no site original, quanto no Ecoogler.
O que muda? A cada busca feita, o site contabiliza como uma folha. Cada 10 mil folhas representam uma árvore plantada na Amazônia. Isso acontece graças a uma parceria feita entre o Google e a Ong suíça Aquaverde. A organização tem como foco a preservação das águas na região da Amazônia, que representam atualmente ¼ de toda a reserva de água doce do planeta. Além disso, eles apóiam projetos de reflorestamento atrelados ao crescimento de uma economia sustentável na localidade. Um dos projetos ajuda o povo indígena Suruí, que luta contra as invasões nas florestas em Rondônia e no Mato Grosso. A Aquaverde financia e desenvolve atividades para que a cultura desse povo não se perca e as florestas da região continuem intactas.Uma troca simples que pode fazer a diferença.
Aqui vai o link:
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